" O Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil (lei nº 11.650, de 4 de abril de 2008), é oficialmente lembrado no dia 23 de novembro e visa estimular as ações educativas associadas à doença, promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças e adolescentes com câncer"
Serviço de Oncohematologia do HIJG
O Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil (lei nº 11.650, de 4 de abril de 2008), é oficialmente lembrado no dia 23 de novembro e visa estimular as ações educativas associadas à doença, promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças e adolescentes com câncer, além de divulgar os avanços técnico-científicos na área. O laço dourado da campanha simboliza a cor da fita da consciência do câncer infantojuvenil e o padrão “ouro” necessário no tratamento desses pacientes. No Brasil o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estimou para o ano de 2018 a ocorrência de 12.500 casos novos de câncer em crianças e adolescentes até a idade de 19 anos. O câncer infantojuvenil consiste em um conjunto de doenças que apresentam características próprias em relação ao tipo histológico e ao comportamento clínico. Dentre as neoplasias malignas mais frequentes nesta faixa etária estão as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. No Brasil, assim como nos países desenvolvidos, o câncer representa a primeira causa de óbito por doença, entre as crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade, de acordo com dados publicados pelo INCA. Infelizmente, com base nos dados dos registros de câncer atualmente consolidados no Brasil muitos pacientes ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença em estágio avançado.
É fundamental, portanto, que os pais ou os responsáveis legais realizem as consultas pediátricas regulares com seus filhos/filhas, visando o diagnóstico precoce da doença, e permitindo assim, melhor chance de cura, de sobrevida e de qualidade de vida para o paciente/família. Neste contexto, é importante o reconhecimento de alguns sinais e sintomas de alerta, principalmente se persistentes, visando o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil.
Sinais e sintomas de alerta para o câncer infantojuvenil
➢ Leucocoria, nistagmos e protusão do globo ocular;
➢ Estrabismo, que surge repentinamente;
➢ Aumento de volume em qualquer região do corpo, principalmente indolor e sem febre, podendo estar associado ou não a sinais de inflamação;
➢ Dor abdominal e massa abdominal;
➢ Aumento de volume testicular;
➢ Hematúria e hipertensão arterial sistêmica inexplicadas;
➢ Linfonodomegalias, especialmente em região retroauricular, cervical baixa, epitroclear e supraclavicular;
➢ Equimoses pelo corpo em regiões pouco frequentes, sobretudo quando não associadas a algum tipo de traumatismo;
➢ Dor persistente nos ossos, nas articulações e nas costas, especialmente se persistente e se despertar a criança/adolescente à noite;
➢ Fraturas, sem trauma;
➢ Sinais precoces de puberdade: acne, voz grave, ganho excessivo de peso, pelos pubianos, hipertrofia de clítoris, aumento do volume do pênis, aumento do volume mamário nas meninas com menos de 8 anos de idade e nos meninos com menos de 9 anos de idade;
➢ Cefaleia persistente e progressiva, associada ou não a vômitos, alterações na marcha, no equilíbrio, na fala e na visão, além do aumento inexplicado do perímetro cefálico, perda de habilidades desenvolvidas e alterações comportamentais;
➢ Febre prolongada, perda de peso, prurido, tosse seca e persistente, palidez, fadiga ou sangramentos inexplicados;
➢ Otalgia crônica/otorréia crônica, especialmente se associada a dermatite seborreica;
➢ Nevos com modificação das características prévias, em áreas de exposição solar ou atrito.
Além do diagnóstico precoce, é imprescindível que o tratamento destes pacientes seja realizado em centros especializados, com presença de oncologistas pediátricos e de
toda a equipe multiprofissional capacitada na atenção à criança e ao adolescente com câncer, objetivando incrementar as chances de cura da doença. No Brasil, nos últimos anos, houve marcante melhora na sobrevida das crianças e adolescentes com câncer, em decorrência do atendimento em serviços de referência em oncologia pediátrica e pela utilização de protocolos cooperativos de tratamento, coordenados pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE). Dados de um estudo sobre o panorama do câncer infantojuvenil divulgados pelo INCA e pelo Ministério da Saúde identificaram que no Brasil, a sobrevida estimada por câncer na faixa etária de zero a 19 anos é de 64%. Este estudo apontou que a sobrevida variou de acordo com a região do país, sendo mais elevada nas regiões Sul e Sudeste. O Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) é referência para o atendimento das crianças e adolescentes com câncer para maioria dos municípios no Estado de Santa Catarina. Na última publicação do Registro Hospitalar de Câncer do HIJG, referente ao período de 2009-2013, a média de casos novos atendidos ao ano em nossa instituição foi de 100 e a taxa de sobrevida de 73%.