Euseli de Assis Batista é enfermeira e servidora da Secretaria de Estado da Saúde (SES/SC) há dez anos. O primeiro vínculo foi com a Emergência do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) onde começou a atuar como plantonista em março de 2013. No ano seguinte, também passou a integrar o Grupo de Resposta Aérea de Urgência (GRAU/SC), que atua junto às aeronaves de asas fixas (aviões) e rotativas (helicópteros) em parceria com o Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) e que é conhecido como Arcanjos em SC. Desde então, Euseli trabalha nas duas frentes, tanto na base, quanto em voo.
Euseli concluiu a Especialização em Transporte Aeromédico em 2010 e explica que o trabalho vai muito além de transportar pacientes. “O profissional precisa entender de fisiologia de voo, sabendo quais as patologias que podem agravar durante o voo, quais as condutas antes, durante e depois do transporte”, salienta a enfermeira.
A profissional lembra que cada cena é diferente da outra, pois cada criança tem seu histórico de saúde. “Trabalhar dentro do hospital é mais fácil. A rotina do serviço aeromédico é um pouco mais agressiva, porque a gente trabalha com o tempo-resposta dos pacientes graves e com a fisiologia de voo, que altera bastante o quadro clínico da criança”, detalha.
O Serviço aeromédico dos Arcanjos em SC possui aeronave pressurizada para evitar o agravamento do quadro clínico do paciente. “Tanto é que as crianças que são graves são transportadas em aeronave com pressurização, para que o ambiente externo da fisiologia não atrapalhe, ou seja, não promova piora”, observa Euseli, fazendo uma comparação com o efeito da altitude nas pessoas não doentes. “Nós, que estamos na aeronave e não estamos doentes, já apresentamos uma alteração em relação à oxigenação. Então, na criança doente esse impacto é muito maior”.
A enfermeira defendeu sua tese de Mestrado sobre o cuidado com a segurança e o transporte do paciente pediátrico de zero a 14 anos após o resgate aeromédico dos helicópteros. Relata que, em vários artigos que leu, as equipes de países referência no serviço aeromédico tinham dificuldades para transportar os pacientes pediátricos.
Atualmente, em Santa Catarina, 90% dos transportes nos Arcanjos são de recém-nascidos, realizados de leito a leito. Segundo Euseli, sabe-se dos riscos na remoção e transporte de um recém-nascido, mas, infelizmente, a demanda é grande e os profissionais de saúde buscam cumprir a missão da melhor forma possível, com segurança, tanto para o bebê, quanto para a equipe de transporte. “Há uma quantidade expressiva de transporte de bebês cardiopatas ou com má-formação para o hospital de referência na especialidade, que é o Hospital Infantil de Joinville Dr. Jeser Amarante Faria. Os arcanjos realizam também o transporte de gestantes com gravidez de alto risco que necessitam de UTI Neonatal. Ainda, realizamos repatriamento de crianças, inclusive os transplantados”, lista a enfermeira. Atualmente, o serviço aeromédico faz cobertura dentro e fora do Estado.
O serviço aeromédico dos Arcanjos em Santa Catarina, que é totalmente SUS, contribui para economia de recursos do governo ao evitar gastos com outros serviços privados de transporte aéreo. Possui dois helicópteros, um que fica na base do Batalhão de Operações Aérea, em Florianópolis, e outro no Batalhão de Operações Aérea em Blumenau.
Euseli trabalhou na elaboração do protocolo de segurança do transporte de pacientes pediátricos dentro dos helicópteros e atualmente é aluna do curso de doutorado do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Como pesquisadora, segue com o tema 'Cuidados para o transporte seguro do paciente pediátrico crítico até sua referência, após o resgate aeromédico em aeronave de asa rotativa'. “Essa união do Hospital Infantil e dos profissionais do serviço aeromédico e do pré-hospitalar com certeza ajuda a minimizar e prevenir os possíveis riscos, dando maior segurança aos pacientes pediátricos até seu destino final de referência de tratamento. Sou 100% emergência do Infantil e 100% arcanjo com muito orgulho”, destaca.